Microchip ? O futuro bate à nossa porta!

“A cura está ligada ao tempo e às vezes também ás circunstâncias.”
Hipocrates

Imagine um mundo onde as doenças pudessem ser diagnosticadas com precocidade, um mundo onde os exames invasivos fossem uma exceção e que através de um aplicativo de celular os médicos e pacientes pudessem monitorar seus sinais vitais e outras variáveis que fossem pertinentes à sua condição de saúde …

Este tempo chegou. Desde que a internet foi inventada, há mais de 40 anos , nunca estivemos tão perto de torná-la a ferramenta essencial para aprimorar a qualidade de vida das pessoas no que diz respeito à sua saúde pessoal . Nem sempre o homem pode curar as doenças do seu semelhante, mas aliviar o seu sofrimento e tornar a sua vida mais digna é o que se espera do bom exercício da Medicina.

Muito bem, hoje quero lhes falar de um conceito que, possivelmente, ainda não seja de conhecimento de todos, mas certamente está cada vez mais presente em nossas vidas: a Internet das Coisas ou IoT (Internet of Things).

Internet of Things

Sim, Internet das Coisas , incluindo nós, os humanos!

IoT é considerado por muitos como a revolução tecnológica. Ela permite a conexão de objetos utilizados no dia-a-dia com a Internet e apresenta um potencial de expansão para as mais variadas aplicações, incluindo a área da saúde, cujo desenvolvimento depende da evolução dos sensores que comunicam com tecnologia sem fio , de aplicativos compatíveis para smartphones entre outros avanços.

Existem importantes grupos científicos e linhas de pesquisa alinhando o conceito da IoT e o implante de Chips abaixo da pele, alguns deles em fase avançada com estudos multicêntricos em curso (como por exemplo: a detecção das taxas glicose no sangue para controle de pacientes diabéticos) e outros já com produtos finalizados, como o implante de microchips em próteses mamárias.

Este tipo de solução é baseado em semicondutores avançados e serviços em nuvem que permitem múltiplas aplicações, tendo já sido utilizado com sucesso em outros segmentos para identificação, rastreamento e autenticidade.

No Brasil existem iniciativas como a do Centro de Pesquisas Avançadas Wernher von Braun*, que está desenvolvendo um conjunto de soluções (microchips, BackOffice com BI, entre outras tecnologias) baseadas em sensores acoplados diretamente a transponders com capacidade de criptografia avançada de dados , que operam sem o auxílio de baterias e que podem ser implantados sob a pele mantendo comunicação com dispositivos móveis como celulares e outros equipamentos que se conectam à nuvem de serviços.

Com a nossa colaboração (Dr. Cássio Amâncio, Cirurgião Plástico – CRM 74381), o Centro von Braun está desenvolvendo o conceito de aplicação da solução de Identificação Segura sem-fio de próteses utilizadas no segmento da Cirurgia Plástica, que possa servir não só aos propósitos associados à rastreabilidade no âmbito da produção industrial destes produtos e sua distribuição, mas também à associação unívoca e indelével dos mesmos aos pacientes de forma automatizada, permitindo um acompanhamento mais seguro e personalizado dos implantes e produtos deste segmento em geral.

De fato, além desta aplicação, existe a possibilidade de implantar estes chips transponders munidos de sensores nas caixas de transporte de vacinas, toxina botulínica, matrizes dérmicas acelulares e outros produtos de bioengenharia que apresentem condições específicas para sua conservação. Então, ao mesmo tempo em que a rastreabilidade e os códigos associados à identidade única e segura do produto (lote/ número de série / data de esterilização / quantidade / volume) estejam sendo controlados e disponibilizados através de um sistema seguro em nuvem, os dados de sensoriamento que o chip emite trazem informações úteis à sua conservação durante os processos de industrialização , distribuição , comercialização e utilização. Estes dados relatam os eventos associados às operações de trânsito do local de produção até o usuário final e ainda outros estágios dos ciclos de vida destes produtos.

Este tipo de tecnologia pode ser combinada com conceitos de realidade aumentada (AR) permitindo a integração de informações virtuais com visualizações do mundo real através de interfaces amigáveis com o usuário, pelos smartphones, facilitando a sua assimilação no dia a dia. Os dados já processados e fornecidos pelo chip são coletados através de sistemas seguros e personalizados na nuvem, disponibilizando múltiplos serviços em benefício do usuário cliente da solução.

De forma prática, o médico pode (em tempo real, de forma presencial ou remota, através dos dados disponibilizados na nuvem) analisar o resultado de uma determinada amostra ou condição do cliente para o qual o chip foi desenvolvido,sendo capaz de prover análises de forma mais rápida e precisa. Além disso, no caso dos materiais implantáveis, como no exemplo das próteses, esta tecnologia permite o conhecimento específico da natureza do material e das suas características(como formato, tamanho, validade , lote de esterilização, etc), informações estas, que nem sempre o paciente está apto a fornecer e que podem ser essenciais para uma conduta médica mais adequada.

Os desenvolvimentos que estão em curso permitirão ter claras as condições técnicas e industriais para aplicação das novas tecnologias nos vários cenários do segmento da Cirurgia Plástica , contribuindo para o crescimento da Medicina Personalizada no Brasil . Para o desenvolvimento da aplicação das soluções descritas para o segmento de Cirurgia Plástica me coloco à disposição para detalhamentos e discussão de perspectivas nos contextos de aplicação.

Dr. Cássio Amancio
Cirurgião Plástico
CRM 74381

*O Centro Pesquisas Avançadas Wernher von Braun (www.vonbraunlabs.com.br) é uma instituição privada sem-fins lucrativos que desenvolve tecnologias e implementa as soluções necessárias à sua industrialização.

Plástica Queimadura SMCC