O câncer de pele é uma preocupação mundial, uma vez que esse tipo de tumor é o mais recorrente na população. Só no Brasil, por exemplo, ele representa 30% de todos os tumores malignos registrados no país, de acordo com o INCA (Instituto Nacional de Câncer). Os pacientes que apresentam câncer de pele podem optar pela cirurgia micrográfica de Mohs para o tratamento dessa doença e a cirurgia plástica poderá contribuir para reparação da região onde foi retirado o tumor!
Câncer de Pele: uma preocupação mundial.
A pele é o maior órgão do corpo humano e necessita de cuidados especiais. Não por acaso, o câncer de pele representa 25% dos tumores mundiais. Com diversos fatores de influência, esse tumor é caracterizado pelo crescimento anormal das células que compõem a pele, podendo se assemelhar a uma pinta, vermelhidão ou outras lesões benignas. Normalmente, são pontos que apresentam alteração de cor, bordas não bem definidas e crescimento atípico. Fiquem atentos para outras lesões suspeitas, por exemplo, feridas que não cicatrizam, ou que são recorrentes e as feridas crônicas associadas a “crostas”, coceira ou sangramento.
Entre as causas dessa alta incidência de câncer de pele, temos alguns fatores de risco, como a exposição constante ao Sol sem proteção, a idade (são mais comuns em pacientes acima dos 50 anos), as características da pele (quanto mais clara maior é a probabilidade), o histórico familiar, pessoal e o estilo de vida do paciente. Dessa forma, não há um “único culpado”, mas uma conjunção de fatores que podem provocar esses tumores.
É importante frisar que alguns tumores não apresentam todas as alterações citadas, mas apenas algumas destas características. Por isso, é indispensável contar com a avaliação médica antes de qualquer providência, um exame clínico adequado e a realização de uma biópsia nas lesões suspeitas para poder diagnosticar o câncer. Prestar a atenção em “sinais” na pele e em pintas que alteram o tamanho ou a cor, faz toda diferença para um diagnóstico e tratamento precoce.
O que é a cirurgia micrográfica de Mohs?
A cirurgia Micrográfica é uma técnica operatória no qual o câncer cutâneo retirado é estudado através de biópsias de congelação, realizadas durante o ato cirúrgico, de forma a se definir adequadamente as margens de segurança oncológica, ou seja, o cirurgião plástico pode reparar as áreas remanescentes com a convicção que as margens do tumor estão livres de doença. Rotineiramente, após a biópsia de congelação, o material retirado será encaminhado para o processamento convencional (na parafina) e, em casos específicos, imunohistoquimica para complementar e validar o diagnóstico inicial.
Trata-se de um procedimento de maior complexidade do que a cirurgia convencional para retirada de tumores cutâneos e deve ser realizado em ambiente adequado, naturalmente , em associação com dermatologista e patologista especializados em câncer de pele.
Para pacientes diagnosticados com câncer de pele, a cirurgia micrográfica de Mohs pode ser uma alternativa de tratamento. Neste procedimento a lesão é retirada com um técnica específica que permite delimitar precisamente as margens da lesão, a fim de assegurar que as células cancerosas serão removidas na sua totalidade. Esta técnica também permite inferir se as margens remanescentes, ou seja, o tecido ao redor e abaixo do tumor, estão livres de doença . Por ser um procedimento cirúrgico trabalhoso, a cirurgia de Mohs é indicada especialmente em casos de tumores mal delimitados ou lesões que estejam situadas em regiões “nobres“, onde o tratamento cirúrgico convencional, poderia causar um prejuízo funcional ou uma grave deformidade estética.
Criada pelo Dr. Frederich Mohs, na Universidade de Wisconsin – USA na década de 30, esta técnica evoluiu e possibilita uma maior porcentagem de cura já no primeiro procedimento em comparação com outras modalidades de tratamento .
Normalmente a cirurgia micrográfica de Mohs é feita sob anestesia local ou anestesia local e sedação. Após a demarcação inicial ,o médico retira o tumor de maneira que possa examinar separadamente as suas margens. Caso seja constatado que ainda existem células cancerosas, o médico amplia a cirurgia, ressecando as áreas comprometidas e preservando a pele sadia. Por ser um processo mais elaborado, é indispensável que os profissionais envolvidos (Cirurgião plástico, Dermatologista e Patologista) sejam qualificados e especializados.
Este tipo de técnica pode permitir uma cirurgia menos agressiva, com alta resolutividade, baixa recidiva e um procedimento de reconstrução potencialmente menor!
Cirurgia plástica Reparadora após Mohs
A cirurgia reparadora ou reconstrutiva tem um papel importante na recuperação dos pacientes com câncer, uma vez que ela permite o “fechamento” da área onde estava o tumor, com a menor distorção possível da aparência e da função deste local.
O planejamento de reconstrução envolve diversos fatores, como a posição da lesão,a anatomia local (avaliando a presença de nervos, vasos sanguíneos e demais estruturas), a expectativa do paciente, a qualidade da pele disponível ao redor do tumor, entre outros. Embora toda cirurgia implique em cicatrizes, o objetivo é buscar os melhores resultados possíveis, sempre considerando em primeiro lugar, a segurança oncológica e quando possível, a preservação da função e do “ aspecto” anatômico originais.
Entre os procedimentos que podem ser adotados na reconstrução da área estão as diversas técnicas de retalhos, onde o tecido saudável preservado é utilizado, com o objetivo de restaurar a ferida resultante após a retirada do câncer. O cirurgião plástico também pode, se necessário for, utilizar um enxerto, por exemplo de pele saudável que é retirada e transferida de outra área do corpo para a cobrir a ferida remanescente. A escolha da técnica dependerá, obviamente da extensão da lesão, da região anatômica e da complexidade de cada situação.
O processo de recuperação dependerá de vários fatores , como a cicatrização da pele do próprio paciente e, principalmente, do tipo de cirurgia que foi realizado. O tempo para o resultado final da cirurgia reconstrutiva também pode levar de semanas até meses até sua estabilização. Em alguns casos, inclusive, pode ser necessário processos secundários ou novos procedimentos cirúrgicos para garantir o melhor resultado final. É importante, nesse sentido, orientar que apesar dos bons resultados, nenhuma reconstrução é 100% garantida, uma vez que é possível alterações de cor, textura , função e sensibilidade nas áreas em que houve ressecção do câncer.
Para os pacientes que passam por cirurgia plástica após a cirurgia micrográfica de Mohs, a indicação é proteger-se adequadamente da exposição solar direta, ter hábitos e alimentação saudáveis, tratar as comorbidades (se estiverem presentes) para possibilitar uma boa cicatrização. Nesse processo de recuperação é indispensável tanto no pré-operatório quanto no pós, seguir as orientações do seu médico. E também realizar uma avaliação dermatológica pelo menos uma vez ao ano, ou até mais frequentemente, dependendo do caso.
Para o melhor resultado possível, é indicado procurar auxílio médico assim que perceber alguma mudança ou incômodo na pele. Quanto mais precoce for o diagnóstico e tratamento , melhores serão as chances de se conseguir um resultado adequado e com menor deformidade local . Ao escolher um cirurgião plástico para realizar um procedimento reparador, é indispensável procurar um profissional com referência e conhecimento na área, que tenha a sua especialidade reconhecida pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) e pela sua Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Dr. Cássio Amancio
Cirurgião Plástico
CRM 74381