Entenda mais sobre o risco das cirurgias plásticas associadas!

Reduzir as medidas, alterar proporções corporais, rejuvenescer a aparência, … existem várias razões que fazem da cirurgia plástica uma opção cada vez mais procurada para alcançar a aparência desejada e aumentar a autoestima dos pacientes. Com objetivo de antecipar esses resultados, muitos desejam realizar diferentes procedimentos cirúrgicos estéticos de uma só vez, as cirurgias plásticas associadas, o que pode não ser uma indicação dependendo do objetivo, riscos e a necessidades de cada paciente.

 

Quais os riscos das cirurgias plásticas associadas?

Seja pelos resultados cada vez mais naturais ou mesmo pela evolução das técnicas e procedimentos cirúrgicos, atualmente , a cirurgia plástica é um desejo de muitos homens e mulheres, dos pacientes mais jovens aos mais maduros. Esse interesse é demonstrado nos números: de acordo com a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica e Estética (Isaps) o Brasil registrou 1.224.300 cirurgias plásticas em 2015, atrás apenas dos Estados Unidos no ranking mundial.

Entre os pacientes, seja para agilizar o resultado final, aproveitar a mesma internação ou mesmo passar por apenas um processo pós-operatório, muitos têm o desejo de realizar mais de um procedimento cirúrgico de uma só vez, conhecido como cirurgias plásticas associadas ou combinadas. A indicação desse tipo de procedimento, entretanto, necessita de uma avaliação cuidadosa da saúde do paciente, realização dos exames necessários, analisar a complexidade dos procedimentos, tempo de operação e, principalmente, os riscos em potencial .

A posição da cirurgia também será determinante para qual tipo de procedimento associado pode ser realizado, já que em alguns casos não será possível operar uma área sem prejudicar a recuperação da outra. Dependendo do porte da cirurgia e dos riscos envolvidos, associar cirurgias pode elevar o tempo de operação (a maioria dos cirurgiões considera que o ideal é que não ultrapasse as cinco horas), aumentar a perda de sangue durante o processo, aumentar o risco de infecção e de complicações  tromboembólicas (como TVP e o Embolismo pulmonar)*, ou mesmo de problemas posteriores na cicatrização e recuperação do paciente. Caso os procedimentos cirúrgicos sejam de grande porte, os riscos aumentam. O pós-operatório de cirurgias associadas, também poderá exigir ainda mais dedicação dos pacientes e suporte durante esse período.

*Segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular: “a trombose venosa profunda (TVP) caracteriza-se pela formação de trombos dentro de veias profundas, com obstrução parcial ou oclusão, sendo mais comum nos membros inferiores. As principais complicações decorrentes dessa doença são: insuficiência venosa crônica (síndrome pós-trombótica) e embolia pulmonar… A rápida adoção de estratégias diagnósticas e terapêuticas é crucial para evitar essas complicações.”

*http://www.sbacv.org.br/lib/media/pdf/diretrizes/trombose-venosa-profunda.pdf

Nesse sentido, a condição do paciente também influenciará na quantidade de procedimentos possíveis, já que um paciente jovem, com boa saúde e sem histórico de doenças prévias, em tese, poderá suportar um tempo de cirurgia e sangramento um pouco maior do que um paciente com fatores de risco, como por exemplo, idade acima de 40 anos, obesidade, uso de medicações hormonais, episódio prévio de trombose, etc…

É bom lembrar, que as doenças tromboembólicas não são uma exclusividade dos procedimentos de cirurgia plástica, pelo contrário, felizmente, as estatísticas demonstram que apesar de se apresentarem como uma potencial complicação, ela é pouco frequente, com um índice inferior a 0,4% dos casos (segundo Reinisch et al.*) dependendo, naturalmente, da população e do procedimento estudado.

* Reinisch JF, Bresnick SD, Walker JW, Rosso RF. Deep venous thrombosis and pulmonary embolus after face lift: a study of incidence and prophylaxis. PlastReconstrSurg. 2001;107(6):1570-5.

 

Quando as cirurgias associadas são indicadas?

Em alguns casos, é possível que o cirurgião indique mais de um procedimento na mesma internação, normalmente na mesma área cirúrgica e com objetivos complementares. Dessa forma, se o desejo do paciente é uma mamoplastia, a lipoaspiração infra axilar (região lateral das mamas) pode ser uma indicação complementar, assim como em um lifting facial pode ser associado com uma cirurgia de pálpebras, sempre, obviamente, com as indicações e condições de cada paciente. É desejável  que as cirurgias sejam complementares, para não prejudicar a locomoção ou mesmo a recuperação do paciente. E, é fundamental, que sejam respeitados os limites de segurança determinados pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, assim como os protocolos de prevenção de doenças tromboembólicas reconhecidos internacionalmente pela comunidade médica e científica.

A determinação dos procedimentos realizados, dessa forma, irá muito além apenas da vontade do paciente, mas de uma série de fatores que determinarão seu risco e necessidade. Para um melhor resultado possível e pela segurança do paciente , pode ser indicado a realização dos procedimentos em dois tempos diferentes, respeitando a recuperação de cada área, avaliando criteriosamente a condição clínica pré-operatória e o planejamento cirúrgico. Cada caso deverá ser analisado tanto nos benefícios  quanto aos riscos envolvidos, já que toda cirurgia tem suas particularidades, mesmo as mais simples!

Em tempo, a segurança do paciente será sempre “o fiel da balança”, ou seja, o ponto de equilíbrio em que o cirurgião deve nortear a sua conduta de acordo com os protocolos de segurança técnica e trabalhar com o menor índice possível de complicações e intercorrências previsíveis para cada paciente e planejamento operatório.

Nesse sentido, é importante desconfiar de “promessas“ de resultado em cirurgias para várias regiões do corpo simultaneamente, orçamentos muito divergentes (muito abaixo da média), locais sem estrutura adequada ou que não levam em consideração essas premissas de segurança. Converse com seu cirurgião plástico para analisar a possibilidade de unir procedimentos de forma que a sua saúde esteja assegurada e você tenha benefícios reais com essa opção. Dessa forma, tanto para o diagnóstico quanto para a execução da cirurgia e acompanhamento pós-operatório é indispensável contar com a orientação de médicos com referência e conhecimento na área, sempre um profissional registrado pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) e pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica .

Dr. Cássio Amancio

Cirurgião Plástico

CRM 74381

Plástica Queimadura SMCC